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Juliana Lopes, filha da ex-ministra Márcia Lopes, lutava contra o câncer há quatro anos e em seus dias finais publicou uma carta sobre a vida, a morte e a doença. 

Juliana Lopes, uma empresária de Londrina (PR) e filha da ex-ministra da República, Márcia Lopes, faleceu de câncer no último sábado, dia 4 de março, mas deixou em suas redes sociais uma postagem emocionante de agradecimento e despedida para aqueles que a acompanharam em vida. 

Em sua mensagem final, Juliana agradece aos amigos e família, além de deixar palavras de incentivo à vida. Diz também que em meio ao turbilhão de emoções trazidos pela vivência com o câncer, reduziu suas obrigações apenas à viver e que, a partir disso, encontrou mais felicidade, amor e fé em suas relações. 

A empresária também trouxe sua visão de desmistificação da morte, ao dizer que esse é o maior clichê da vida e o evento mais democrático que temos e que, ainda que seja um evento triste, em seus momentos finais encontrou o melhor das pessoas.

Confira abaixo a carta na íntegra: 

Nesse momento difícil, intenso, em que a vida se esvai, ainda assim é preciso desmistificar a doença, a morte. Sou prova viva de que é possível ser feliz com câncer. Eu fui. 🙏❤️

Reescrevo algumas coisas aqui, para continuar mostrando que, se por um lado houve razão para a tristeza e a apreensão, pela doença, o tratamento, a ansiedade para que tudo passasse logo e que eu tivesse chance de uma vida longa… Por outro, sempre tive a opção da alegria, um antídoto que foi poderoso contra qualquer tentação de pessimismo. Que foi a minha escolha. E continuaria sendo. Mas temos nosso tempo nesse mundo.

Pode soar estranho, mas nessa montanha russa, que foram esses últimos quase quatro anos, cheguei a sentir um alívio. Porque me livrei de mesquinharias e obrigações. Convenientemente, reduzi meus deveres a somente um: VIVER.

O resto foi consequência. E contingência. Eu vivi. Eu fui feliz. Eu convivi com as pessoas da minha vida, da forma mais plena e leve que pude. Com dignidade e amor.

Tudo, graças à vocês. Minha família amada que, quando preciso, virou equipe médica, cuidando sempre de mim; que continuou embalando nas minhas festas e eventos (que iam de 15 a 130 pessoas); que abraçaram meus amigos, como sempre e como deles; enfim, que foram incansáveis em me ver feliz, em me encher de fé, de coragem, de amor.

À todos os amigos e amigas, que aceitaram que eu não mudaria nada na minha essência, nas minhas escolhas, na minha forma de encarar a vida e o mundo, e continuamos a viver, a conviver, como eu sempre fui. Dei um pouco de trabalho, mas eles também me deram. Placar zerado.

E, finalmente, à equipe médica, que me cuidou, com competência e humanidade. A do Centro de Oncologia e Radioterapia de Londrina (Dr. Jorge Malli; Dra. Marcela Uchoa; Dr. Renan Casagrande); à equipe de Ribeirão Preto (Dr. Leandro Colli e Dr. Lucas Moretti) e a equipe do Programa de Cuidados Paliativos da UNIMED (Dra. Heloísa Marconato com aquela equipe sensacional), anjos da guarda. Que com toda atenção e comprometimento com a vida dos pacientes, salvam nossos dias, nossos corpos, nossas vidas.

A morte é o grande clichê da vida. Simplesmente, porque ela é implacável e a mais democrática das situações humanas. TODO MUNDO vai. Assim mesmo, não sabemos lidar com ela, porque ela nos arranca, sem aviso prévio, as pessoas que amamos e pode nos arrancar delas, da mesma forma. Mas sabe o que é felicidade???

É estar passando pelo momento mais sinistro da vida e receber o melhor das pessoas. E descobrir o melhor de si mesma.

Vivam meus amores.❤️

Levo um pouquinho de cada um de vocês, aqui dentro. Deixo amor e festa.❤️”

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